sexta-feira, 30 de julho de 2010

EFEITO SANFONA

MATÉRIA PUBLICADA NA REVISTA VEJA – FEVEREIRO 2010

Do fim da adolescência até seis meses atrás, a psicóloga gaúcha Daniela Horn Kruel, de 35 anos, lutou contra a balança, naquele infernal emagrece-engorda-emagrece-engorda do efeito sanfona. Ela experimentou todas as dietas da moda ... Por vezes, segurava a fome até não aguentar mais e, rendida, devorava doces e bebia copos e mais copos de refrigerante. Quando conseguia perder os 5 a 6 quilos que sempre se propunha eliminar, em três meses tinha engordado de novo. Há dois anos, exausta e desiludida, Daniela decidiu tomar um remédio para emagrecer. Perdeu 11 quilos em oito meses. Assim que suspendeu a medicação, no entanto, ganhou 18 quilos. Só então percebeu que, para obter um resultado duradouro, precisaria mudar de hábitos - e perseverar nessa estrada. Daniela ingressou num programa de reeducação alimentar e começou a consumir verduras, frutas e a tomar bastante água. Tudo isso parece básico, mas esses itens simplesmente inexistiam no cardápio da psicóloga. Ela também parou de pular refeições e passou a se alimentar quatro vezes por dia. Hoje, a psicóloga carrega na bolsa damasco e banana seca. Não importa onde esteja - a caminho de uma reunião ou de férias na Bahia -, faz as refeições regularmente e de modo saudável. No começo, abrir mão do croissant no café da manhã do hotel, para ficar com o pãozinho integral, era penoso. Hoje não é mais. "A minha imagem no espelho compensa o sacrifício", afirma.
A psicóloga gaúcha pertence ao restrito grupo dos que, além de emagrecer, permanecem magros.

Maior estudo já realizado sobre o assunto, o "National weight control registry" (NWCR) Atualmente, os pesquisadores acompanham 5 000 ex-obesos que perderam, no mínimo, 13 quilos e que preservam o novo peso há pelo menos um ano. Apesar de terem emagrecido de maneiras tão distintas, os participantes do NWCR cultivam as mesmas estratégias para manter o peso. Praticar uma hora de atividade física diariamente, tomar café da manhã todos os dias, fazer a maior parte das refeições em casa, não sair da linha nos fins de semana e pesar-se regularmente são algumas delas. "É um esforço e tanto, porque a vida moderna conspira contra os hábitos de vida saudáveis", diz o endocrinologista Walmir Coutinho, presidente eleito da Associação Internacional para o Estudo da Obesidade.

"Comer a cada três ou quatro horas ajuda a manter o peso porque aumenta a queima calórica dos alimentos", explica o endocrinologista Alfredo Halpern, da Universidade de São Paulo. "Além disso, impede que a grelina, o hormônio do apetite, atinja picos muito altos." Assim, quem come em intervalos menores tende a fazer pratos mais comedidos.

....Desde o ano passado, quando decidiu afinar um pouco a silhueta, ela começou a preparar diariamente o próprio almoço e jantar, antes feitos pela empregada. "Por mais que eu a orientasse a usar pouco óleo na comida, ela colocava mais do que o necessário. E vira e mexe tinha pastelzinho, batata frita... Depois de ver pronto, ficava muito difícil resistir", lembra. Hoje, quando Maria sai para jantar fora costuma abrir mão do couvert e da sobremesa. Como recompensa, toma uma taça de vinho. A dieta de Maria Sylvia é a mais fácil de ser levada vida afora. Nada é proibido e frequentemente ela se permite pequenos luxos, mas nunca exagera nem come por comer. Afinal de contas, não é preciso devorar o couvert nem pedir sobremesa toda vez que se come fora de casa, não é mesmo?

Um dos fatores fundamentais para a manutenção do peso é a prática regular de exercícios físicos. Cerca de 90% das pessoas que se livram do efeito sanfona praticam exercícios físicos todos os dias. Os voluntários do estudo americano, por exemplo, veem apenas oito horas, em média, de televisão por semana - contra as 28 horas semanais da média americana.
A vantagem da atividade física é que ela não só queima as calorias necessárias para fechar a operação matemática do dia como tem o efeito de aumentar o metabolismo de repouso até o dia seguinte - quer dizer, ainda que a pessoa faça exercícios em dias alternados, ela ganha um bônus de calorias para consumir no dia sem ginástica.

As palavras-chave da manutenção do peso são flexibilidade, compensação e controle. É quase impossível conseguir manter por toda a vida a dieta que fez a pessoa emagrecer. Por isso, está permitido comer o docinho do aniversário do filho, mas está vetado prolongar o cardápio da festa para o resto da semana. Exagerou no bolo? Aumente o tempo dedicado à atividade física no dia seguinte. Além do clássico binômio dieta e atividade física, outros dois fatores têm ganhado relevância na equação da manutenção do peso: sono reparador e controle do stress.
A idade também é um elemento importante.
Um estudo ainda inédito que mediu o gasto calórico diário de 800 mulheres atendidas no Hospital das Clínicas de São Paulo mostrou que, em repouso, as moças de 30 anos queimam 100 calorias a mais que as de 50. Assim, sem fazer nada. "A conclusão óbvia é que não adianta uma mulher de 50 anos querer ter o mesmo peso de quando tinha 30, se mantiver os mesmos hábitos alimentares e o mesmo padrão de atividade física",

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